Os alimentos ricos em ômega-3, como peixes de água fria (o salmão, por exemplo), linhaça e algumas nozes, sempre foram recomendados no combate a doenças cardíacas e na redução do mau colesterol. Mas um estudo recente pode tirar estes alimentos da lista de fontes de gordura saudável.
Uma pesquisa holandesa com pessoas que sobreviveram a infartes mostrou que as que passaram a ingerir ômega-3 após o acidente tiveram o mesmo risco de um segundo problema cardiovascular do que as que não tiveram uma dieta suplementada pela gordura. O estudo envolveu 4.837 homens e mulheres que foram submetidos a tratamentos para doenças do coração com medicamentos para reduzir o colesterol e contra a hipertensão. Seu resultados foram publicados no New England Journal of Medicine e no site da revista Time.
Os membros do grupo experimental comeram, todos os dias durante três anos, 3 xícaras de chá de margarina enriquecida de ômega-3. Isso equivale a 400 mg adicionais da gordura insaturada diariamente. Estes pacientes, no entanto, não tiveram nenhuma redução de risco cardíaco em relação aos que ingeriram placebo – uma margarina sem adição de ômega-3.
Os resultados supreenderam os cardiologistas, que acreditavam que o aumento da ingestão do ômega-3 diminuísse os riscos de um segundo infarte. As gorduras insaturadas, que até então eram consideradas auxiliadoras na redução dos níveis de triglicérides e placas de gordura nas veias e artérias, são conhecidas por serem um substituto saudável para a gordura animal das carnes e laticínios, saturadas. Mas os autores do estudo pontuaram que os voluntários foram tratados depois de um primeiro acidente vascular. Além disso, cerca de 85% deles tomaram medicamentos para diminuir o colesterol e controlar a pressão arterial. Essas terapias são poderosas e podem ter levado os pacientes a um risco menor de se envolverem em um segundo evento cardíaco. Os pesquisadores também argumentam que uma pesquisa de três anos pode não ter sido longa o suficiente para registrar reduções do risco cardíaco que possam ser atribuídas somente ao ômega-3.
Esse estudo não deve desencorajar a substituição da gordura animal por ômega-3, segundo Alice Lichtenstein, professora de nutrição da Tufts University e porta-voz da Associação Americana do Coração. “Nós ainda não sabemos se há benefícios do ômega-3 na prevenção primária (de população saudável). Eu não sei se esse estudo tem necessariamente que resultar em uma mudança nas recomenações atuais”, diz. Ela concorda, no entanto, que são necessárias mais pesquisas para determinar qual o papel do ômega-3 na prevenção do risco cardíaco em pessoas que ainda não sofram de doenças do coração ou em que já sofreu infarte, mas não esteja submetido a tratamentos para o controle dos riscos – diferente dos voluntários que participaram do estudo.
Fonte: Época